XII
A vinda de Jesus (A CAMINHO DA LUZ - EMMANUEL)
A
MANJEDOURA
A
manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo,como a dizer
que a humildade representa a chave de todas as virtudes. Começava a era
definitiva da maioridade espiritual da Humanidade terrestre, de vez que
Jesus, com a sua exemplificação divina, entregaria o código da
fraternidade e do amor a todos os corações. Debalde os escritores
materialistas de todos os tempos vulgarizaram o grande acontecimento,
ironizando os altos fenômenos mediúnicos que o precederam. As figuras de
Simeão, Ana, Isabel, João Batista, José, bem como a personalidade
sublimada de Maria, têm sido muitas vezes objeto de observações injustas e
maliciosas; mas a realidade é que somente com o concurso daqueles
mensageiros da Boa Nova, portadores da contribuição de fervor, crença e
vida, poderia Jesus lançar na Terra os fundamentos da verdade inabalável.
O
CRISTO E OS ESSÊNIOS
Muitos
séculos depois da sua exemplificação incompreendida, há quem o veja entre
os essênios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu messianismo de
amor e de redenção. As próprias esferas mais próximas da Terra, que pela
força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos homens que
do sincero aprendizado dos espíritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem
as opiniões contraditórias da Humanidade, a respeito do Salvador de todas
as criaturas. O Mestre, porém, não obstante a elevada cultura das
escolas essênias, não necessitou da sua contribuição. Desde os seus
primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que
o planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos do princípio.
CUMPRIMENTO
DAS PROFECIAS DE ISRAEL
Do seu divino apostolado nada nos compete
dizer em acréscimo das tradições que a cultura evangélica apresentou
em todos os séculos posteriores à sua vinda à Terra, reafirmando, todavia,
que a sua lição de amor e de humildade foi única em todos os tempos da
Humanidade. Dele asseveraram os profetas de Israel, muito tempo antes da
manjedoura
e do calvário: - "Levantar-se-á como um arbusto verde, vivendo na
ingratidão de um solo árido, onde não haverá graça nem beleza. Carregado
de opróbrios e desprezado dos homens, todos lhe voltarão o rosto. Coberto
de ignomínias, não merecerá consideração. É que Ele carregará o fardo
pesado de nossas culpas e de nossos sofrimentos, tomando sobre si todas as
nossas dores. Presumireis na sua figura um homem vergando ao peso da
cólera de Deus, mas serão os nossos pecados que o cobrirão de chagas
sanguinolentas e as suas feridas hão de ser a nossa redenção. Somos um
imenso rebanho desgarrado, mas, para nos reunir no caminho de Deus, Ele
sofrerá o peso das nossas iniquidades. Humilhado e ferido, não soltará o
mais leve queixume, deixando-se conduzir como um cordeiro ao sacrifício. O
seu túmulo passará como o de um malvado e a sua morte como a de um
ímpio. Mas, desde o momento em que oferecer a sua vida, verá nascer
uma posteridade e os interesses de Deus hão de prosperar nas suas mãos.
A GRANDE LIÇÃO
A GRANDE LIÇÃO
Sim,
o mundo era um imenso rebanho desgarrado. Cada povo fazia da religião uma
nova fonte de vaidades, salientando-se que muitos cultos religiosos do
Oriente caminhavam para o terreno franco da dissolução e da imoralidade;
mas o Cristo vinha trazer ao mundo os fundamentos eternos da verdade e do
amor. Sua palavra, mansa e generosa, reunia todos os infortunados e todos
os pecadores. Escolheu os ambientes mais pobres e mais desataviados para
viver a intensidade de suas lições sublimes, mostrando aos homens que
a verdade dispensava o cenário suntuoso dos areópagos, dos fóruns e
dos templos, para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza. Suas pregações,
na praça pública, verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos
e desclassificados. como a demonstrar que a sua palavra vinha reunir todas as
criaturas na mesma vibração de fraternidade e na mesma estrada luminosa do
amor. Combateu pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo,
renovando a Lei Antiga com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e
do perdão. Espalhou as mais claras visões da vida imortal, ensinando às
criaturas terrestres que existe algo superior às pátrias, às bandeiras, ao
sangue e às leis humanas. Sua palavra profunda, enérgica e misericordiosa,
refundiu todas as filosofias, aclarou o caminho das ciências e já teria
irmanado todas as religiões da Terra, se a impiedade dos homens não
fizesse valer o peso da iniquidade na balança da redenção.
A PALAVRA DIVINA
A PALAVRA DIVINA
Não nos compete fornecer uma nova
interpretação das palavras eternas do Cristo, nos Evangelhos. Semelhante
interpretação está feita por quase todas as escolas religiosas do mundo,
competindo apenas às suas comunidades e aos seus adeptos a observação do
ensino imortal, aplicando-a a si próprios, no mecanismo da vida de
relação, de modo que se verifique a renovação geral, na sublime
exemplificação, porque, se a manjedoura e a cruz constituem ensinamento
inolvidável, muito mais devem representar, para nós outros, os exemplos do
Divino Mestre, no seu trato com as vicissitudes da vida terrestre. De
suas lições inesquecíveis, decorrem conseqüências para todos os
departamentos da existência planetária, no sentido de se renovarem
os institutos sociais e políticos da Humanidade, com a transformação
moral dos homens dentro de uma nova era de justiça econômica e de concórdia universal. Pode
parecer que as conquistas do verdadeiro Cristianismo sejam ainda remotas,
em face das doutrinas imperialistas da atualidade, mas é preciso
reconhecer que dois mil anos já dobaram sobre a palavra divina. Dois mil
anos em que os homens se estraçalharam em seu nome, inventando bandeiras
de separatividade e destruição. Incendiaram e trucidaram, em nome dos seus
ensinos de perdão e de amor, massacrando esperanças em todos os corações.
Contudo, o século que passa deve
assinalar
uma transformação visceral nos departamentos da vida. A dor completará as
obras generosas da verdade cristã, porque os homens repeliram o amor em
suas cogitações de progresso.
CREPÚSCULO
DE UMA CIVILIZAÇÃO
Uma
nuvem de fumo vem-se formando, há muito tempo, nos horizontes da Terra
cheia de indústrias de morte e destruição. Todos os países são convocados
a conferirem os valores da maturação espiritual da Humanidade, verificada
no orbe há dois milênios. O progresso científico dos povos e as suas mais
nobres e generosas conquistas são reclamados pelo banquete do morticínio e
da ambição, e, enquanto a política do mundo se sente manietada ante os
dolorosos fenômenos do século, registram-se nos espaços novas atividades
de trabalho, porque a direção da Terra está nas mãos misericordiosas e
augustas do Cordeiro.
O
EXEMPLO DO CRISTO
Sem nos referirmos, porém, aos problemas da
política transitória do mundo, lembremos, ainda, que a lição do Cristo
ficou para sempre na Terra, como o tesouro de todos os infortunados e de
todos os desvalidos. Sua palavra construiu a fé nas almas humanas,
fazendo-lhes entrever os seus gloriosos destinos. Haja necessidade e
tornaremos a ver a crença e a esperança reunindo-se em novas catacumbas
romanas, para reerguerem o sentido cristão da civilização da Humanidade. É,
muitas vezes, nos corações humildes e aflitos que vamos encontrar a divina
palavra cantando o hino maravilhoso dos bemaventurados.E, para fechar este
capítulo, lembrando a influência do Divino Mestre em todos os corações
sofredores da Terra, recordemos o episódio do monge de Manilha, que,
acusado de tramar a liberdade de sua pátria contra o jugo dos espanhóis, é
condenado à morte e conduzido ao cadafalso. No instante do suplício,
soluça desesperadamente o mísero condenado - "Como, pois, será
possível que eu morra assim inocente? Onde está a justiça? Que fiz eu para
merecer tão horrendo suplício?"Mas um companheiro corre ao seu encontro e
murmura-lhe aosouvidos: - "Jesus também era inocente!..."
Passa, então, pelos olhos da vítima, um
clarão de misteriosa beleza. Secam-se as lágrimas e a serenidade lhe volta
ao semblante macerado, e, quando o carrasco lhe pede perdão, antes de
apertar o parafuso sinistro, ei-lo que responde resignado:- "Meu
filho, não só te perdôo como ainda te peço cumpras o teu dever."